segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Velho Chico

01
Lá na Serra da Canastra
No Estado das Minas Gerais
Chiquinho nasceu tranqüilo
Limpo como os cristais
No seu berço milenar
Chiquinho sonha com o mar
Desde tempos ancestrais...

02
Como brincadeira de menino
Chiquinho foi encontrando
Nas cercanias das montanhas
Amiguinhos abraçando
Sem pressa para descer
Entre pedras a correr
E o mar lhe esperando...

03
Quando Chiquinho se viu
Com muitos amigos ao lado
Sentiu força pra descer
Conquistar outro estado
Abraçar o oceano
Realizar o seu plano
Ver sonho concretizado.

04
Lavou ouro e cristais
Com sua forte correnteza
Cortou serras e montanhas
Mostrou sua destreza
Como sábio artesão
Não faltou inspiração
Lapidando a natureza.

05
Foi traçando caminhos
Conquistando a liberdade
Levando a cada lugar
Vilas, campos e cidades,
Um pouco de sua história
Por de mais meritória
Sem nenhuma vaidade.


06
Chiquinho adolesceu
Mostrou sua rebeldia
Pisou no solo baiano
Tranqüilo no fim do dia
Lá fez sua oferenda
Brigue mas não ofenda
Nossa pacata Bahia.

07
Como um bom baiano
Sem pressa para chegar
Foi irrigando o solo
Desde as terras do Araxá
Deixando muita fartura
Nas várzeas beleza pura
Como quer Iemanjá.

08
Na sua juventude
Já se sentindo forte
Com seu corpo espraiado
Buscando o seu norte
O Chico amadureceu
E com as bênçãos de DEUS
Traz vida onde há morte.

09
Desbravando os sertões
Das minas e do nordeste
O seu leito oferece
Ao nosso cabra-da-peste
Riqueza pra sua gente
Que se torna emergente
E cada dia ele cresce.

10
No solo alagoano
O Chico é homem feito
Conquistou autonomia
Tem noção do seu direito
Mas não falta com o dever
Sua riqueza oferecer
Retirando do seu leito.

11
Na terra de Nambuco
Com suas belas carrancas
Espantando o egoísmo
De suas margens arranca
Crescimento e progresso
Lá não há retrocesso
Nem anda com perna manca.

12
Juazeiro e Petrolina
Recebeu este presente
Como o Egito do Nilo
Ambos estão na crescente
Exportando a riqueza
Importando a pobreza
De um povo indolente.

13
A monocultura se expande
Ao longo de suas margens
A população ribeirinha
Ver mudar toda paisagem
A riqueza se concentra
É muito dinheiro que entra
O pobre não ver a imagem
14
Projeto de irrigação
Emoldura o velho Chico
É um show de tecnologia
O pobre não tem um bico
As multinacionais
Todo dia leva mais
Muito pobre e pouco rico.

15
E você que fez história
Integrando este Brasil
Abraçou tantos estados
Mas, o homem não se uniu
Só se ver indiferença
Muita briga e desavença
Riqueza não repartiu

16
Depois de velho e cansado
Você, Chico! Novamente
É uma bandeira de luta
Para o nordeste indigente
Falam em transposição
Dinheiro vem de montão
Para o rico, e não pra gente.

17
Querem que tu venhas pra cá
Para o sertão nordestino
O sofrido semi-árido
Seja meu velho, bem vindo
Nosso sertão irrigar
Riquezas multiplicar
Mudar o nosso destino...

18
Venha! Mas, não esqueça
Do teu povo tão sofrido
Que tua água chegue
Na casa do esquecido
Trazendo mais que esperança
Dando ao homem confiança
Sem olhar o seu partido.
19
Não esqueça de visitar
A casinha lá na serra
O pobre que tanto espera
Tirar o pão desta terra
Dê a ele mais alento
Tirando do sofrimento
Da vida que só emperra.

20
Tua chegada é bem vinda
Para o povo sofredor
Que olhando em sua janela
Na linha do equador
Há tempo que te espera
Desde a mais remota era
Carregando sua dor.

21
Muita gente já partiu
Abandonou seu lugar
Esperando este dia
Que tanto tarda a chegar
Que não seja ilusão
Nem história de patrão
Para o povo enganar.

22
Venha logo Velho Chico
Espantar o sofrimento
Há séculos que esperamos
Que chegasse esse momento
Traga água, venha já
Nossa sede saciar
E trazer nosso sustento.

23
Vamos fazer do sertão
Um mar só de fartura
Comida em abundância
Revolucionar a cultura
Com um povo livre contente
Votando livremente
Seria beleza pura...

24
Hoje estás nos palanques
Se oferecendo ao nordeste
Leiloando a sua água
Como fez Cristo com as vestes
Não venha nos trair
Fazer a água sumir
Jogar fome, morte e peste.
25
A água que banha o mar
Precisa irrigar o sertão
Encher nossos igarapés
Molhar bem o nosso chão
Matar a sede da gente
Fazer brotar a semente
De arroz, milho e feijão.

26
Servir ao pequeno agricultor
Sem nenhuma distinção
Fazer ao pobre justiça
Não servir só ao patrão
Praticar a lealdade
Repartir com igualdade
Tendo o outro como irmão.

27
A população nordestina
Sair do sofrimento
Cada um ter seu trabalho
Nunca faltar o sustento
Do sonho acalentado
Ver tudo realizado
Paz na terra e suprimento.

28
O nordeste lhe espera
Há muito tempo atrás
As portas estão abertas
Nossa bandeira é de paz
Não queiram nos humilhar
O rio jogar no mar
A água não volta mais..

29
O mar está alagado
Com as águas do continente
O nordeste tão sofrido
Pede socorro urgente
Água para matar a sede
Nosso campo ficar verde
Alegrar a nossa gente...

30
Nossa grande esperança
Só você pode nos dar
Traga pra nós sua água
Não deixe cair no mar
Este sonho acalentado
Por muito tempo esperado
Venha logo realizar.
31
Que se cumpra as profecias
Do Beato Conselheiro
“O sertão vai virar mar”
De dezembro a janeiro
Quando Chico chegar ao sertão
Traz milho, arroz e feijão
E fartura o ano inteiro.

32
Com certeza a esperança
Vai pintar nossa paisagem
Com as cores da alegria
Dando ao campo linda imagem
Brotando em cada canto
Desenhando um belo manto
Com flores, frutos e vagens.

33
Há tempo que esperávamos
Ver este quadro na moldura
O homem do campo feliz
Trabalhando na agricultura
A terra lhe devolvendo
Seja de sol ou chovendo
Colhendo grande fartura.

34
A figura do retirante
Pelas estradas sem fim
Já é coisa do passado
Ver o homem andando assim
Com o Chico é nova história
Só se conta com vitória.
O campo vira jardim.

35
A criança agora tem
O direito de sonhar
O futuro está próximo
É só o Chico chegar
Inaugurar nova era
Juntar vida e quimera
A esperança irrigar.

36
Meu Velho Chico você
É a nossa redenção
Brigue, mas não se entregue
Ao capricho do patrão
Venha conosco viver
O nordeste desenvolver
Traga a vida pra o sertão.
37
Sua água é preciosa
Para salvar o nordeste
Nosso solo em torrão
O pobre sem ter veste
O poder que vem de cima

Nenhum comentário: